Banco do Brasil (BBAS3): CEO do banco prevê melhora na inadimplência do agro no 4º tri

Banco do Brasil (BBAS3) mantém inadimplência resiliente no agronegócio, mas espera melhora nas provisões no fim de 2025
Banco do Brasil

O Banco do Brasil (BBAS3) voltou a ser destaque no mercado nesta quarta-feira (24), durante o Investor Day 2025, ao comentar sobre o impacto da inadimplência do agronegócio em seus resultados. A presidente da instituição, Tarciana Medeiros, afirmou que, apesar da resiliência da inadimplência no terceiro trimestre, há expectativa de melhora a partir do quarto trimestre, com redução nas provisões para devedores duvidosos (PDD).

Segundo Medeiros, o comportamento da carteira de crédito agrícola surpreendeu até mesmo os cenários mais pessimistas do banco. No segundo trimestre, o Banco do Brasil registrou um aumento anual de 103,8% em PDD, saltando de R$ 7,8 bilhões em 2024 para R$ 15,9 bilhões em 2025, o que reduziu em 60% o lucro líquido, que ficou em R$ 3,8 bilhões.

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Estratégias para conter a inadimplência

O vice-presidente de Controles Internos e Gestão de Riscos, Felipe Prince, destacou que o Banco do Brasil aumentou a exigência de garantias reais nos financiamentos agrícolas. O percentual de imóveis dados como garantia subiu de 31% na safra 2024/25 para 60% na safra 2025/26.

Além disso, o banco vem migrando gradativamente sua carteira de hipotecas para o modelo de alienação fiduciária, reforçando a segurança das operações. Prince explicou que, embora apenas 6% da carteira total seja composta por crédito rural, esse segmento responde por 29% da variação da inadimplência.

Ainda assim, o impacto não se limita ao agro. O executivo revelou que os atrasos também respingaram na carteira de pessoas físicas, já que muitos produtores utilizam produtos como crédito para veículos, cartões e empréstimos pessoais.


Apoio do governo ao setor

A presidente do Banco do Brasil destacou que o governo federal tem atuado para reduzir os efeitos da . A nº 1.316/2025 abriu crédito extraordinário de R$ 12 bilhões para ajudar produtores afetados por eventos climáticos.

Segundo o vice-presidente de Agronegócios e Familiar, Gilson Alceu Bittencourt, o BB deve receber entre 40% e 50% desse montante. Além disso, a MP autorizou prorrogação de operações de crédito rural por até nove anos, oferecendo fôlego extra a grandes produtores com ívidas acima de R$ 3 milhões.

Atualmente, o Banco do Brasil lida com cerca de R$ 20 bilhões em inadimplência rural e R$ 50,5 bilhões em operações prorrogadas. Parte desse valor deve ser resolvido com a linha emergencial e parte com renegociações diretas.


Novos negócios e crédito consignado privado

Apesar dos desafios no agronegócio, o Banco do Brasil vem expandindo em outras frentes. A carteira de privado alcançou R$ 8,8 bilhões em 2025, um recorde para a instituição. Mais de 728 mil clientes contrataram a linha, sendo 15% novos clientes.

Segundo Medeiros, a inadimplência desse produto é baixíssima, já que o desconto ocorre diretamente na folha de pagamento, modelo semelhante ao praticado no setor público.

Outro destaque foi a carteira de sustentáveis, que já soma R$ 396,5 bilhões. O objetivo do banco é chegar a R$ 500 bilhões até 2030, financiando projetos ligados à preservação ambiental e à recuperação de áreas degradadas.


Inteligência artificial e eficiência operacional

A CEO ressaltou que o uso de inteligência artificial (IA) tem sido decisivo para melhorar a concessão de crédito, aumentando a segurança e reduzindo riscos. O Banco do Brasil também intensificou sua política de desembolso seletivo, priorizando operações de maior qualidade e com maior retorno ajustado ao risco.

Além disso, o banco reforçou sua atuação judicial para recuperar créditos em atraso, combinando tecnologia com ações legais tradicionais.


Perspectivas de mercado

Mesmo com ajustes e apoio governamental, analistas apontam que a recuperação plena do Banco do Brasil pode levar tempo. O Itaú BBA avalia que a retomada consistente da rentabilidade só deve acontecer a partir de 2027, enquanto a XP projeta dividendos em dois dígitos apenas em 2030.

Ainda assim, a estratégia de diversificação, o reforço em garantias e o foco em crédito sustentável indicam que o Banco do Brasil (BBAS3) busca atravessar a crise agrícola preservando sua liderança no .

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