Sem rastreabilidade e padronização, exportações bilionárias de carne podem migrar para EUA e Austrália

Importadores alertam que falta de rastreabilidade e certificações pode custar bilhões em exportações e impactar ações de frigoríficos listados na B3.
Carne brasileira sob pressão

A carne brasileira vive um momento decisivo no mercado global. Apesar de já ter conquistado espaço relevante na e nos países do Golfo Pérsico, importadores alertam que a falta de padronização, rastreabilidade e certificações internacionais pode colocar em risco bilhões de dólares em . Para investidores e ligadas à cadeia da pecuária, o alerta não poderia ser mais grave: EUA e Austrália estão prontos para ocupar o espaço se o Brasil não reagir.


Exportações crescem, mas riscos também

Dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) mostram que, em 2025, o Brasil exportou 962,8 mil toneladas de à China, um salto de 46,2% em volume. Já para a , o avanço foi de 41% em valores, totalizando US$ 1,12 bilhão.

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Mas por trás desse crescimento, importadores enviam um recado claro: ou o Brasil acelera a adoção de rastreabilidade digital e padronização, ou pode perder contratos estratégicos. Para os e acionistas de frigoríficos listados na B3, esse risco se traduz em pressão sobre margens e dividendos futuros.


China, Europa e Oriente Médio: exigências cada vez mais duras

Segundo Kelly Wang, diretora de negócios da Optimized Integration Group (OIG), a carne brasileira tem boa reputação, mas a China exige garantias de rastreabilidade e certificações ambientais. Sem isso, os embarques podem ser prejudicados.

No caso da União Europeia, além da rastreabilidade, as exigências de bem-estar animal e de comprovação socioambiental são ainda mais rigorosas. E os países árabes já sinalizaram que não vão abrir mão de certificações religiosas e islâmicas, sob risco de exclusão de fornecedores.

Como explica Joaquim Jabar, da Concame, “a rastreabilidade digital é imprescindível. Sem ela, o Brasil corre risco de ser excluído dos mercados mais exigentes”.


O impacto direto para investidores

O alerta dos importadores preocupa especialmente porque a carne bovina é um dos pilares do agronegócio brasileiro. Se contratos forem reduzidos ou redirecionados para concorrentes, empresas como JBS (JBSS3), (MRFG3) e Minerva (BEEF3) podem ver queda no fluxo de caixa e nos pagamentos de dividendos.

Além disso, custos adicionais para implementar sistemas de rastreabilidade e certificações podem corroer margens de lucro no curto prazo, aumentando a pressão sobre as ações dessas companhias na Bolsa.


EUA e Austrália já se movem

Enquanto o Brasil debate a modernização de seus processos, EUA e Austrália reforçam a competitividade da sua carne bovina com certificações rigorosas e preços competitivos. Para importadores globais, essa combinação pode se tornar irresistível caso o Brasil não acompanhe.

João Martins, presidente da Confederação da e Pecuária do Brasil (CNA), foi direto: “Temos que correr atrás para não perder espaço para Estados Unidos e Austrália”.


Carne brasileira sob pressão: oportunidade ou ameaça?

Apesar do crescimento das exportações em 2025, a mensagem que vem de fora é clara: o futuro da carne brasileira está sob pressão. Para os investidores, o dilema é evidente — se o Brasil acelerar a padronização, pode consolidar ainda mais seu protagonismo global; se atrasar, pode perder bilhões em contratos e valor de mercado.

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