As ações da Raízen (RAIZ4) e da Cosan (CSAN3) registraram ganhos nesta quarta-feira (17), impulsionadas por rumores de que a multinacional Vitol estaria interessada em adquirir ativos da Raízen na Argentina. Por volta das 15h27, CSAN3 avançava 2,85% e RAIZ4 subia 2,29%, acompanhando também a força do Ibovespa (IBOV), que renovou sua máxima histórica no pregão.
Venda estratégica de ativos
Segundo informações de mercado, o negócio em discussão pode envolver uma refinaria da Raízen e uma rede de postos de combustíveis sob a bandeira Shell na Argentina. O valor estimado da transação seria de US$ 1,5 bilhão (aproximadamente R$ 7,9 bilhões).
A movimentação faz parte da estratégia da Cosan, controladora da Raízen, de reduzir o endividamento consolidado. O grupo tem buscado alternativas para fortalecer sua estrutura financeira e aumentar a geração de caixa, sobretudo diante do cenário desafiador do setor energético.
Riscos e incertezas
Apesar do interesse da Vitol, analistas avaliam que a instabilidade política e econômica da Argentina pode representar riscos importantes para a negociação. Questões como inflação elevada, volatilidade cambial e incertezas regulatórias podem atrasar ou até mesmo reduzir o valor do negócio.
Em março deste ano, já havia sido divulgado que a Raízen estudava a venda de seus ativos no país vizinho, em linha com sua estratégia de racionalização de portfólio.
Visão dos analistas
De acordo com relatório recente do Bank of America (BofA), a Cosan é vista como um case de reestruturação e desalavancagem na América Latina. O banco projeta expressivo potencial de valorização de 86% para CSAN3, com recomendação de compra e preço-alvo revisado para R$ 11 (ante R$ 14 anteriormente).
Já em relação à Raízen, o BofA mantém postura mais cautelosa, com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 1,25. Na visão dos analistas, a companhia ainda precisa reduzir cerca de R$ 15 bilhões em dívidas, seja por meio de vendas de ativos ou de aumento de capital. Nesse sentido, o risco de diluição acionária segue como fator de pressão para RAIZ4.
Os rumores de venda de ativos na Argentina reacenderam o otimismo em torno da Raízen (RAIZ4) e da Cosan (CSAN3), mas a concretização do negócio dependerá da evolução do cenário argentino e da capacidade da empresa de atrair propostas consistentes. Para os investidores, o momento pede cautela, já que o potencial de valorização das ações está diretamente ligado à execução dessa estratégia de desalavancagem.