O Comitê de Política Monetária (Copom) deliberou, de acordo com as expectativas disseminadas no mercado, pela diminuição da Selic, a taxa fundamental de juros, encerrando, portanto, quase um ano de manutenção das taxas em 13,75%.
Com a Selic agora estabelecida em 13,25% ao ano e em meio a esse novo ciclo de diminuição das taxas de juros, é de suma importância discernir as repercussões para o investidor e assimilar as orientações fornecidas por especialistas respeitados na área, a exemplo de Diego Collaziol, o Head de Operações da X10 Investimentos.
Queda na Selic: Reflexos nos Investimentos de Renda Fixa
Diego Collaziol realça que as transformações nas taxas de juros encarnam um ponto de virada relevante no universo dos investimentos.
“Esta virada temporal no ciclo de redução das taxas de juros exige reajustes na configuração da carteira. As opções pós-fixadas, a partir deste ponto, devem render menos, dado que as taxas de juros estão em decréscimo e é conjecturado que alcancem 9% até o final de 2024. Logo, a rentabilidade média das opções pós-fixadas tenderá a se apresentar inferior à presente. Portanto, é prudente deliberar a diminuição da exposição a esse tipo de ativo”, ele observa.
“Em contraste, os títulos prefixados e os títulos IPCA+ não deverão experienciar redução na rentabilidade em decorrência do declínio das taxas de juros. Em vista disso, seria avisado ampliar a alocação desses títulos na carteira. Porém, é crucial respeitar, em todos os momentos, os limites de risco coerentes com o perfil do investidor”, ele adiciona.
Investimentos na Renda Variável: Ações e Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs)
Outro domínio que está propenso a colher frutos é a renda variável, abarcando tanto ações quanto Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs).
“Os três principais índices da renda variável, nomeadamente o Ibovespa (IBOV), o Índice Small Caps (SMLL) e o Índice de Fundos de Investimento Imobiliário (Ifix), todos serão favorecidos pelo encolhimento das taxas de juros”, enfatiza Collaziol.
“Antes de mais nada, estamos lidando com empresas e empreendimentos. Em um cenário de taxas de juros menores, é intrínseco que haja um aumento no fluxo de caixa descontado. A diminuição das taxas de juros resulta, por natureza, em uma avaliação mais elevada dos ativos. Adicionalmente, surge um segundo fator a considerar, relacionado ao custo de capital e à alavancagem financeira. Diversas empresas carregam consigo dívidas, e a redução do custo dessas dívidas pode resultar em desempenho financeiro mais positivo para elas”, ele sublinha.
Quanto aos FIIs, Collaziol aponta que a decisão atual reforça as perspectivas otimistas para esses fundos.
“O que estamos testemunhando é a concretização das expectativas acumuladas ao longo do ano. O Ifix está em uma trajetória ascendente, movimento que se nutre da perspectiva de redução das taxas de juros. À medida que o mercado vislumbra com maior clareza a direção deste novo ciclo e à medida que as leituras da inflação confirmam sua convergência para a meta, é plausível que os FIIs se valorizem ainda mais”, ele conclui.
Investimentos Multimercado: Uma Abordagem para a Renda Variável
Collaziol aponta para outra categoria de investimentos que pode colher benefícios: os fundos multimercado. Isso ocorre porque, segundo sua análise, os gestores, em geral, possuem maior habilidade para operar em um ambiente de queda das taxas de juros.
“Diferentemente dos fundos de renda fixa, que estão submetidos a regras específicas de alocação de ativos, os fundos multimercado não são regidos por diretrizes rígidas. Isso denota que o gestor de um fundo dessa natureza possui a liberdade de alocar o capital conforme suas convicções, desde que esteja em sintonia com a política de investimentos estabelecida no regulamento. Em síntese, isso confere uma maior autonomia à equipe de gestão na seleção das melhores alternativas de investimento”, ele esclarece.
Dessa forma, os fundos de baixa e média volatilidade emergem como uma oportunidade valiosa para a diversificação e podem representar uma entrada gradual no universo do risco, especialmente para investidores mais familiarizados com o ambiente da renda fixa.