O Brasil registrou um marco preocupante em julho de 2025: 8 milhões de empresas negativadas, segundo o relatório “Indicador de Inadimplência das Empresas”, divulgado pela Serasa Experian nesta sexta-feira (12). Esse é o maior número da série histórica, refletindo os impactos de juros elevados, crédito restrito e dificuldades econômicas.
De acordo com a pesquisa, o aumento foi de 1,1 milhão de empresas negativadas em relação a julho de 2024, com mais de 200 mil novos registros de inadimplência apenas entre junho e julho de 2025. O dado marca o sétimo mês consecutivo de crescimento da inadimplência empresarial no país.
Valor médio das dívidas dispara
O valor médio das dívidas das empresas negativadas também atingiu recorde: R$ 3.302,30 por CNPJ, com média de 7,3 débitos por empresa. No total, os débitos somaram R$ 193,4 bilhões, um salto em relação aos R$ 147,1 bilhões registrados em julho do ano anterior.
Camila Abdelmalack, economista da Serasa, explica que a situação está ligada a um ambiente de crédito mais restritivo. “As empresas têm contraído dívidas cada vez mais altas, muito por causa da elevação das taxas de juros e da maior exigência das instituições financeiras. Isso torna as renegociações mais complexas e pressiona ainda mais os empreendimentos.”
Pequenas e médias empresas são as mais atingidas
O levantamento mostra que pequenas e médias empresas representam a grande maioria dos CNPJs negativados: cerca de 7,6 milhões, respondendo por R$ 174,1 bilhões em dívidas. Esse grupo concentra a maior parte das dificuldades por depender fortemente de capital de giro e crédito bancário.
Entre os setores, o de serviços lidera com 54% das empresas negativadas, seguido pelo comércio (34%) e pela indústria (8%). Outras áreas, como cooperativas, securitizadoras e o setor primário, têm participação menor, mas também sentem os efeitos do cenário econômico.
Empresas negativadas no Brasil por estado (Julho/2025)
Estado | Quantidade de Empresas Negativadas |
---|---|
SP | 2.709.316 |
MG | 735.248 |
RJ | 730.942 |
PR | 505.536 |
RS | 428.206 |
SC | 352.235 |
BA | 348.461 |
GO | 255.309 |
PE | 218.360 |
PA | 187.869 |
CE | 187.204 |
DF | 180.895 |
MT | 152.023 |
ES | 133.176 |
MA | 126.479 |
AM | 124.798 |
MS | 108.667 |
PB | 92.051 |
RN | 86.206 |
AL | 82.748 |
RO | 55.569 |
TO | 53.546 |
PI | 52.575 |
SE | 44.512 |
AP | 17.836 |
AC | 16.183 |
RR | 11.798 |
Perspectivas e desafios
A escalada no número de empresas negativadas levanta alertas sobre os impactos na economia. A dificuldade em manter crédito ativo prejudica investimentos, gera aumento no fechamento de negócios e pode elevar os índices de falências.
Especialistas defendem que medidas de estímulo ao crédito, renegociação facilitada de dívidas e incentivos a pequenos negócios sejam fundamentais para evitar que o recorde de inadimplência se torne ainda mais grave nos próximos meses.
Enquanto isso, a tendência é de que o número de empresas negativadas continue crescendo, caso os juros permaneçam elevados e o cenário internacional, especialmente no comércio exterior, siga instável.