O dólar voltou a recuar nesta sexta-feira (12), renovando mínimas e alcançando o menor valor desde junho de 2024. A moeda norte-americana caiu 0,55% e era negociada a R$ 5,3625 por volta das 11h50. O movimento ocorre em meio à divulgação de dados econômicos nos Estados Unidos e às tensões políticas envolvendo a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, oscilava próximo à estabilidade, avançando 0,03% aos 143.190 pontos, após ter renovado recordes na véspera.
Dólar em queda: o que explica o movimento
O recuo do dólar está diretamente ligado às expectativas sobre a política monetária americana. Ontem, os mercados reagiram positivamente aos dados de emprego e inflação nos EUA, que reforçaram a probabilidade de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) já na próxima semana.
Nesta sexta, o índice de confiança do consumidor, divulgado pela Universidade de Michigan, caiu para 55,4 pontos em setembro, abaixo da projeção de 58. O resultado reforçou a percepção de que a economia americana dá sinais de desaceleração, aumentando a chance de estímulos via redução de juros.
Além disso, o Banco Central do Brasil também contribuiu para a liquidez do mercado ao realizar leilões de dólares, renovando contratos que vencem em outubro. Foram ofertados US$ 1 bilhão pela manhã, seguidos de até 40 mil contratos em rolagem.
Impacto político: condenação de Bolsonaro e reação dos EUA
Outro fator que influencia os mercados é a condenação de Jair Bolsonaro e de aliados pela tentativa de golpe de Estado em janeiro de 2023. O ex-presidente foi sentenciado a 27 anos e três meses de prisão.
A decisão repercutiu no cenário internacional. O presidente norte-americano Donald Trump criticou a medida, classificando-a como “terrível”. Já o secretário de Estado, Marco Rubio, prometeu “resposta adequada” dos EUA. Esse ambiente de incerteza política adiciona volatilidade ao câmbio e à bolsa, embora o impacto imediato ainda tenha sido limitado.
Serviços brasileiros seguem em alta
No cenário doméstico, o IBGE divulgou que o setor de serviços cresceu 0,3% em julho, em linha com as expectativas. Foi a sexta alta consecutiva e, na comparação anual, o avanço chegou a 2,8%, superando a previsão de 2,6%.
Os destaques foram os segmentos de informação e comunicação (+1%), serviços administrativos (+0,4%) e serviços prestados às famílias (+0,3%). Já os transportes recuaram 0,6%, influenciados pela queda nas receitas do transporte aéreo após meses de expansão.
Esse desempenho mostra resiliência da economia, mas também preocupa o Banco Central, que vê pressão inflacionária persistente nos serviços. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) acontece na próxima semana e a expectativa é de manutenção da Selic em 15%.
Bolsas globais e reflexos no câmbio
Nos EUA, Wall Street abriu sem direção única após os recordes de ontem. O Dow Jones recuava 0,07%, enquanto o S&P 500 subia 0,05% e o Nasdaq ganhava 0,16%.
Na Europa, os índices operavam mistos, com quedas em Paris e Frankfurt e leve alta em Londres. Investidores aguardam a revisão do rating da França pela Fitch.
Já na Ásia, os mercados fecharam em campo misto: queda em Xangai e Shenzhen, alta em Tóquio, Seul e Hong Kong, impulsionada por avanços no setor de inteligência artificial.
Números do dia
📉 Dólar
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Semana: -0,39%
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Mês: -0,55%
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Ano: -12,75%
📈 Ibovespa
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Semana: +0,36%
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Mês: +1,22%
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Ano: +19,01%
Perspectivas para o dólar
O comportamento do dólar nos próximos dias dependerá de três fatores principais:
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Decisão do Federal Reserve na próxima semana, que pode confirmar corte de juros.
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Desdobramentos políticos da condenação de Bolsonaro e a reação do governo norte-americano.
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Dados locais, com atenção à inflação e ao desempenho do setor de serviços.
Se confirmada a redução de juros nos EUA, o real deve continuar se fortalecendo frente ao dólar, podendo testar níveis abaixo de R$ 5,30. Por outro lado, novas tensões políticas e geopolíticas podem trazer volatilidade adicional ao câmbio.