As ações da Azul (AZUL4) protagonizaram um dos movimentos mais fortes da bolsa brasileira nesta segunda-feira (8). Por volta das 14h, os papéis da companhia aérea saltavam 44,35%, cotados a R$ 1,66. Apenas em setembro, a valorização acumulada já alcança 144,12%, segundo dados do Valor PRO. No entanto, o recorte do ano ainda é negativo: a empresa acumula queda de 53,11%.
O movimento também contagiou a rival Gol (GOLL54), que avançava 28,22% no mesmo horário, com ações negociadas a R$ 7,77.
Short squeeze e custos menores como catalisadores
De acordo com Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, parte da disparada da Azul (AZUL4) pode estar relacionada a um short squeeze. O fenômeno ocorre quando investidores que apostam na queda de um ativo são forçados a recomprar ações após o preço superar patamares de proteção, impulsionando ainda mais a alta.
Outro fator que contribuiu para o desempenho positivo foi a queda do petróleo e do querosene de aviação (QAV), diretamente ligados aos custos operacionais das companhias aéreas. Como esses insumos são cotados em dólar, a combinação de preços mais baixos da commodity com recuo do câmbio favorece as margens de empresas como a Azul.
💰 Quer viver de renda? Baixe agora a Carteira de Dividendos do BTG!
O impacto do Cade e a parceria com a Gol
Na última semana, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) determinou que Azul e Gol têm 30 dias para notificar oficialmente o acordo de codeshare firmado em 2024. Esse tipo de parceria permite que companhias compartilhem voos, ampliando a oferta para os clientes.
Apesar disso, analistas não têm consenso sobre o real impacto de uma possível fusão entre as empresas. “Há quem veja sinergias e ganho de escala, mas também há quem aponte o risco de juntar duas companhias que ainda enfrentam fragilidade financeira”, afirma Cruz.
Demanda internacional reforça otimismo
Segundo dados da Abracorp (Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas), as receitas de voos corporativos do Brasil para os Estados Unidos cresceram 39% recentemente, reforçando sinais de recuperação no tráfego aéreo internacional.
Além disso, números divulgados pela Latam, que apontaram crescimento na demanda, animaram os investidores quanto ao potencial de recuperação do setor no curto e médio prazo. Para a analista Danielle Lopes, sócia da Nord Investimentos, esses dados aumentam a confiança do mercado nas perspectivas das aéreas brasileiras.
Azul (AZUL4): entre euforia e cautela
Apesar da forte valorização, especialistas alertam que a Azul ainda enfrenta um cenário desafiador. Desde a pandemia, a companhia lida com endividamento elevado e dificuldades em retomar margens sustentáveis no longo prazo.
“Em termos de fundamentos, a Azul (AZUL4) não vive seus melhores anos. O papel deixou de ser uma recomendação de longo prazo para muitas casas de análise, mas segue atrativo para movimentos de curto prazo, sobretudo diante da volatilidade atual”, conclui Cruz.