A política externa do governo dos Estados Unidos pode ganhar novos contornos hostis em relação ao Brasil, especialmente com foco no Banco do Brasil (BB). De acordo com informações obtidas pela CNN em Washington, a administração do presidente Donald Trump estuda a aplicação de medidas punitivas contra o BB, dentro de um pacote de sanções econômicas mais amplo.
Fontes próximas ao Departamento do Tesouro afirmam que as sanções fazem parte de uma estratégia geopolítica ligada ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Uma das justificativas legais para esse movimento seria a Lei Magnitsky, que permite aos EUA punir instituições estrangeiras envolvidas em violações de direitos humanos ou corrupção. Essa legislação já teria sido acionada em julho como base para sanções futuras.
Tensão com o comércio internacional
A pressão contra o Brasil não se limita ao setor bancário. O Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) analisa esta semana a continuidade de um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, como celulose, carne, madeira e soja. Empresários americanos acusam o Brasil de obter vantagens competitivas por meio de práticas ambientais e trabalhistas controversas, como desmatamento ilegal e trabalho forçado.
Críticas ao Banco Central e ao setor digital
O setor digital brasileiro também é alvo de desconfiança em Washington. Associações dos EUA criticam a regulação sobre inteligência artificial, a obrigatoriedade de data centers locais e a tributação de 15% sobre serviços digitais. O Banco Central brasileiro é mencionado negativamente por bancos norte-americanos, que consideram o Pix uma ameaça comercial direta aos sistemas de transferência eletrônica dos EUA.
Importações da Rússia complicam cenário
Outro ponto de atrito é a importação de óleo diesel e fertilizantes da Rússia. O governo Trump avalia dobrar tarifas de importação do Brasil, como já fez com a Índia, elevando de 25% para 50% a tarifa sobre diesel russo. Em 2024, o Brasil importou aproximadamente US$ 12,5 bilhões em produtos russos, e uma sanção neste sentido poderia gerar uma nova crise diplomática e comercial.
Impactos para o Banco do Brasil e o mercado
Caso as medidas contra o Banco do Brasil se concretizem, especialistas apontam que os impactos podem ser significativos tanto para a instituição quanto para o mercado financeiro nacional. As ações do BB (BBAS3), listadas na B3, tendem a sofrer volatilidade com a incerteza política e o risco de bloqueios internacionais.
A possível sanção seria um marco nas relações entre Brasil e EUA e pode sinalizar uma escalada de tensões comerciais e diplomáticas com consequências para diversos setores da economia brasileira.