PCC estava em todo o setor de cana-de-açúcar e obrigava fazendeiros a venderem propriedades, aponta MP

PCC atuava em toda a cadeia da cana e combustíveis em SP. Empresários eram coagidos a vender propriedades sob ameaça.
PCC

O Primeiro Comando da Capital (PCC) expandiu suas operações para além das atividades criminosas convencionais e passou a atuar diretamente no setor de cana-de-açúcar e combustíveis no interior de . Segundo o Ministério Público do Estado (MP-SP), integrantes da facção se infiltraram em toda a cadeia produtiva do , utilizando ameaças, coações e até incêndios criminosos para dominar usinas, postos de combustíveis, propriedades rurais e transportadoras.

Nesta quinta-feira (28), uma megaoperação com mais de 1,4 mil agentes foi deflagrada com o objetivo de desarticular o esquema bilionário articulado pelo PCC. A operação é fruto de uma força-tarefa que envolve o MP Estadual, o Ministério Público Federal, a Receita Federal e a Polícia Federal. Batizada de Operação Carbono Oculto, a investigação desmantelar a estrutura de , sonegação fiscal e adulteração de combustíveis coordenada pela facção.

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Intimidação no campo

De acordo com os promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), o PCC obrigava empresários a venderem seus bens mediante ameaças de morte. Em muitos casos, as ocorriam em dinheiro vivo e com valores subfaturados, o que dificultava o rastreamento financeiro. Os relatos apontam ainda que, quando os empresários resistiam, suas propriedades eram incendiadas — uma tática de intimidação amplamente usada pela facção.

A investigação aponta que o crime organizado avançou de forma sistemática sobre o setor sucroenergético, principalmente nas regiões centrais e oeste do estado de São Paulo. O objetivo era estabelecer domínio territorial e controle sobre a cadeia produtiva do etanol, da produção ao abastecimento final.

Crime com alcance nacional

Segundo o MP, os crimes investigados extrapolam o âmbito estadual. As suspeitas envolvem lavagem de dinheiro no sistema bancário, sonegação de centenas de milhões de reais em tributos federais e importações fraudulentas de metanol, usado na adulteração de combustíveis. Por isso, inquéritos também foram abertos no âmbito federal, culminando na expedição de ordens de prisão e mandados de busca e apreensão em diversos estados.

A Justiça Federal autorizou a prisão de vários envolvidos diretamente com os núcleos financeiros e operacionais da organização, enquanto a Justiça Estadual expediu dezenas de mandados contra suspeitos ligados à atuação local do PCC no campo.

Ameaça à economia legal

O MP destaca que muitos empresários do e do setor de combustíveis ficaram alarmados com a presença da facção. “Houve uma percepção clara de que o PCC estava assumindo o controle de parte do setor com práticas violentas e intimidadoras, substituindo o mercado legal por uma lógica criminosa”, declarou um dos promotores envolvidos na operação.

As investigações seguem em andamento, e os órgãos envolvidos prometem reprimir duramente qualquer tentativa do crime organizado de capturar setores econômicos estratégicos.

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