As ações da Usiminas (USIM5) acumulam uma queda de mais de 21% no ano, desempenho bem inferior ao do Ibovespa, que já registra alta de 15% em 2025. Apesar do recuo expressivo, analistas não veem o papel como uma pechincha no mercado.
Pressão sobre custos e ambiente de mercado desfavorável
Segundo a XP, o mau desempenho da ação reflete, principalmente, uma redução de custos abaixo das expectativas do mercado e um ambiente de negócios desafiador no segmento de aços planos no Brasil. A combinação de taxas de juros elevadas, que impactam a demanda, e aumento da concorrência com o aço importado, especialmente da China, pressiona ainda mais o cenário para a siderúrgica.
A corretora também destaca que, mesmo com múltiplos baixos, o papel não está “necessariamente barato”, devido aos elevados compromissos de investimento da companhia nos próximos anos, que tendem a manter o fluxo de caixa livre pressionado.
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Investimentos pesados pesam sobre avaliação
Entre os projetos de capital mais relevantes da Usiminas, está o investimento na coqueria nº 2, na planta de Ipatinga (MG), além da recente reforma do alto-forno nº 3, também em Ipatinga. Apesar de serem investimentos estratégicos para a produtividade e eficiência operacional da empresa, eles demandam desembolso significativo de capital, o que compromete a geração de caixa no curto e médio prazo.
A XP acredita que há espaço para alívio na estrutura de custos a partir do segundo semestre de 2025, com a expectativa de captura de eficiências decorrentes das melhorias operacionais, especialmente na unidade mineira.
Mercado de aço em queda preocupa investidores
A análise do banco Safra sobre os dados de julho para o mercado de aço no Brasil reforça o cenário desafiador. O banco identificou crescimento nas importações de aços planos e longos e queda nas vendas domésticas e exportações desses mesmos produtos. Para o Safra, a Usiminas é uma das empresas mais expostas a esse ambiente negativo, o que justifica a recomendação neutra da instituição para o papel.
Medidas governamentais e ciclo de juros podem ajudar
Apesar das dificuldades, alguns fatores podem atuar como catalisadores no futuro. Um deles é a possibilidade de medidas anti-dumping por parte do governo brasileiro, que poderiam limitar a entrada de aço estrangeiro a preços predatórios. Outro fator externo é a política “anti-involução” da China, voltada à redução de produção em excesso no setor siderúrgico — o que poderia reequilibrar os preços globais.
Além disso, a possível queda da Selic pode estimular a demanda por aço, especialmente no setor automotivo e na construção civil, beneficiando a Usiminas em um novo ciclo de crescimento da economia.