O Banco do Brasil (BBAS3) tem chamado atenção dos investidores com uma recuperação expressiva de 7% desde as mínimas do ano registradas em 1º de agosto de 2025. As ações, que chegaram a bater R$ 18,40, agora são negociadas a R$ 19,70, impulsionadas pela expectativa em torno da divulgação do balanço do segundo trimestre (2T25).
Apesar de um ambiente de pessimismo, a expectativa de alguns analistas é que o balanço do Banco do Brasil traga eventuais surpresas positivas. Uma pesquisa conduzida pelo Safra com 33 investidores mostrou que 88% dos entrevistados acreditam que os números fracos esperados ainda não foram totalmente precificados no papel.
Guidance será o ponto-chave para BBAS3
O foco principal dos investidores não está apenas nos resultados do segundo trimestre, mas sim no guidance do Banco do Brasil (BBAS3) para o restante de 2025. Analistas esperam revisões nas projeções de lucro e possível redução no payout — percentual do lucro distribuído como dividendos.
A expectativa é que o BB revele novos números considerando o aumento da inadimplência no setor do agronegócio, somado às recentes mudanças regulatórias do Conselho Monetário Nacional (CMN). No primeiro trimestre, essas variáveis levaram a um aumento nas provisões e suspensão de linhas de crédito.
Caso o guidance da BBAS3 traga um lucro projetado para 2025 na casa dos R$ 20 bilhões — cerca de 25% abaixo do consenso atual do mercado —, a reação pode ser negativa. Isso porque investidores individuais e estrangeiros que têm apostado no papel poderão revisar suas posições.
Expectativas para o lucro do 2T25 do Banco do Brasil (BBAS3)
O consenso de mercado para o lucro do Banco do Brasil no 2T25 é de R$ 3,55 bilhões. A maioria das projeções está entre R$ 3,0 e R$ 4,0 bilhões, refletindo um viés negativo, com apenas 4% das estimativas prevendo lucro acima de R$ 4,5 bilhões.
Analistas do Bradesco BBI alertam que o índice de inadimplência deve continuar subindo, com pico projetado de 5,8% no segundo trimestre de 2026. Para enfrentar esse cenário, o banco vem aumentando suas provisões e fortalecendo o índice de cobertura.
O BTG Pactual, por sua vez, revisou para baixo a projeção de lucro para o segundo trimestre, de R$ 6,5 bilhões para R$ 5 bilhões, com ROE (retorno sobre o patrimônio) de 11,1%. Para o ano de 2025, a expectativa também foi reduzida para R$ 23,5 bilhões, com ROE de 12,5%.
Possível revisão no payout pode afetar dividendos do Banco do Brasil
Um dos pontos mais sensíveis para os investidores é a possível redução no payout do BBAS3. A expectativa é que o banco reduza a porcentagem de distribuição de lucros para 30%, visando preservar capital diante do aumento de inadimplência e dos riscos macroeconômicos.
Essa medida pode frustrar principalmente os investidores pessoas físicas, que compraram as ações na baixa com expectativa de bons rendimentos via dividendos. Dados da B3 mostram que essas aplicações atingiram R$ 5,5 bilhões desde o primeiro trimestre.
Visão do mercado para BBAS3
| Corretora | Lucro Líquido 2T25 (R$ bi) | ROE (%) |
|---|---|---|
| BTG Pactual | 5,00 | 11,1 |
| Genial Investimentos | 5,10 | 11,1 |
| Safra | 4,65 | 10,0 |
| Goldman Sachs | 5,00 | 11,0 |
| Itaú BBA | 5,30 | 11,0 |
Os dados mostram que, apesar do pessimismo generalizado, a expectativa é de um lucro ainda relevante, mas com pressão sobre os indicadores de rentabilidade.
O momento é decisivo para os rumos do Banco do Brasil (BBAS3). Embora o mercado espere um trimestre fraco, o grau de pessimismo atual pode abrir espaço para uma reprecificação positiva, caso os números ou o guidance surpreendam.
Ainda assim, os riscos permanecem, especialmente ligados à inadimplência e à capacidade do banco de manter sua rentabilidade em meio a um cenário mais desafiador.
