As ações da MRV (MRVE3) tiveram uma expressiva valorização de mais de 10% nesta quarta-feira (13), mesmo após a divulgação de resultados considerados mistos no segundo trimestre de 2025 (2T25). O forte desempenho no mercado acionário foi impulsionado, principalmente, pelo bom desempenho das operações brasileiras, apesar das perdas significativas da subsidiária americana Resia.
Resultados financeiros e impacto da Resia
No 2T25, a MRV reportou um prejuízo líquido ajustado de aproximadamente R$ 775 milhões, reflexo do impairment de ativos da Resia, agora classificados como mantidos para venda. Esse impacto, anunciado anteriormente em julho, gerou uma redução de 14% no valor contábil da empresa em relação ao trimestre anterior.
O segmento internacional da Resia registrou perdas de R$ 887 milhões, acima das expectativas de mercado, que apontavam para R$ 826 milhões. As perdas foram atribuídas ao reconhecimento de impairments, aumento de despesas financeiras e participações minoritárias negativas.
Operações brasileiras em recuperação
Em contrapartida, as operações no Brasil mostraram sinais claros de recuperação. O EBITDA ajustado das atividades nacionais atingiu R$ 479 milhões, superando em 6,9% as estimativas do Santander. O lucro líquido da MRV Brasil foi de R$ 75 milhões, em linha com as projeções, e marcou o primeiro resultado positivo desde o terceiro trimestre de 2024.
O Goldman Sachs destacou que a receita líquida superou em 9% suas estimativas e em 8% o consenso Bloomberg, enquanto o lucro bruto ficou 12% acima do esperado. Ainda assim, a margem do backlog permaneceu estável, e a alavancagem aumentou significativamente.
Avaliação dos analistas
- JPMorgan manteve recomendação de compra para as ações da MRV, com preço-alvo de R$ 6.
- Santander manteve rating “outperform” e preço-alvo de R$ 9,50, destacando que o foco deve estar na recuperação nacional.
- Morgan Stanley adotou postura mais cautelosa, mantendo recomendação neutra e preço-alvo de R$ 7, devido às incertezas relacionadas à alavancagem e à pressão no lucro por ação.
- Goldman Sachs também manteve recomendação neutra e preço-alvo de R$ 6, enfatizando que a alavancagem total alcançou 198% no trimestre.
Desafios e perspectivas
O principal desafio da MRV nos próximos trimestres será reduzir sua alavancagem, que subiu de 171% para 198% no 2T25. A empresa precisará gerar caixa de forma consistente para reverter essa tendência e sustentar uma trajetória positiva.
Apesar das dificuldades enfrentadas com a Resia nos Estados Unidos, o mercado tem reagido positivamente à retomada das operações nacionais. A continuidade dessa tendência poderá consolidar uma recuperação sustentável para as ações da MRV no segundo semestre.