O recente granizo no café Sul de Minas causou apreensão entre produtores e cooperativas, afetando uma importante região cafeeira do Brasil. Apesar dos danos locais, especialistas avaliam que o impacto nacional na oferta do grão deve ser limitado, enquanto a incerteza sobre a sobretaxa de 50% imposta pelos EUA pressiona o mercado.
Granizo impacta lavouras no Sul de Minas e gera apreensão no setor de café
Na última sexta-feira, uma forte chuva de granizo atingiu cerca de 26,6 mil hectares de cafezais no Sul de Minas Gerais, Zona da Mata e Alto Paranaíba. Essa região é crucial para a produção de café no Brasil, sendo responsável por grande parte da safra nacional.
A Cooxupe, que representa mais de 18 mil produtores locais, está avaliando os estragos causados pelo granizo. Alguns cafeicultores já relatam perdas de até 25% nas plantas, principalmente na safra que ainda está por vir. Apesar da colheita atual estar quase concluída — com 63,3% já colhidos no Sul de Minas segundo a Cooxupe — os danos na fase final podem afetar a qualidade e a quantidade do café.
Vídeos nas redes sociais mostram cafezais cobertos por gelo e frutos espalhados pelo chão, evidenciando o impacto físico do fenômeno. O vento e a umidade também prejudicam o que já foi colhido, tornando difícil conservar o café que estava nos terreiro para secagem.
Efeitos na Produção e Mercado
Embora o granizo tenha causado danos locais severos, especialistas afirmam que o impacto na oferta nacional será controlado. A área afetada representa pouco mais de 3% da lavoura total de 2,4 milhões de hectares no Brasil, considerando até um cenário pessimista com 100% de perda na região afetada.
O mercado respondeu à notícia com alta na cotação do café em Nova York, que subiu 2,64% antes de recuar para um aumento de cerca de 1%. Porém, analistas indicam que essa oscilação reflete mais a incerteza gerada pela sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros do que o impacto direto do granizo.
Especialistas como Fernando Maximiliano, da StoneX, destacam que o granizo é um fenômeno mais localizado e que o clima nas próximas semanas, em especial a possibilidade de geadas, pode ser um fator mais decisivo para o mercado do café.
Tarifa americana de 50% e clima crítico influenciam mercado e preços
Desde o dia 1º de agosto, os Estados Unidos aplicam uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, incluindo o café. Essa tarifa gera incerteza e pressão sobre o mercado internacional do café.
Produtores e mercado estão preocupados com o impacto econômico, já que a tarifa encarece o produto brasileiro no exterior. Sem diálogo entre os países, a situação permanece tensa.
Além disso, o clima traz desafios. Previsões indicam uma massa de ar polar no Centro-Sul que pode causar geadas leves. As geadas afetam mais a produção que o granizo, pois prejudicam diretamente a florada do café.
Fernando Maximiliano, da StoneX, ressalta que o clima nas próximas semanas será decisivo para a safra. Chuvas e temperaturas adequadas são essenciais para garantir uma boa produção.
Influência nas Cotações
O café em Nova York teve alta de até 2,64%, refletindo a incerteza do mercado com a sobretaxa e o clima. Esses fatores se somam e geram volatilidade nos preços, dificultando previsões exatas.
Consultores afirmam que, apesar do granizo ter causado estragos geograficamente amplos, é a sobretaxa e o clima crítico que mais pesam na formação dos preços do café no momento.