O que levou o Ibovespa da máxima histórica para maior sequência de queda desde 2023?

Ibovespa recua 7 vezes seguidas após recorde em julho; tarifas de Trump e efeito político com Lula explicam maior queda desde 2023.
Ibovespa recua

Após bater o recorde de fechamento acima dos 141 mil pontos no dia 4 de julho, o Ibovespa recua há sete pregões consecutivos. O índice acumulou uma queda de 4,3%, registrando a maior sequência negativa desde agosto de 2023.

A virada de humor do mercado começou com a expectativa de novas tarifas comerciais por parte do presidente dos EUA, , e se agravou com o anúncio de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros — medida que pegou até os analistas mais pessimistas de surpresa.

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Trump impõe tarifa de 50% ao Brasil e assusta mercados

No dia 9 de julho, Trump anunciou a taxação de 50% sobre produtos brasileiros. O gesto foi entendido como uma retaliação política após a participação do presidente na cúpula dos BRICS, onde defendeu uma política de comércio menos dependente do .

A fala de Lula foi considerada provocadora por aliados de Trump: “O mundo precisa encontrar um jeito de que nossas relações comerciais não precisem passar pelo dólar”, afirmou.

Três dias após o evento, a decisão de Trump foi oficializada, o que gerou forte reação nos mercados emergentes — com o Brasil sendo o mais afetado.


Reações imediatas do mercado: juros, dólar e ações

Logo após o tarifaço, o impacto foi visível:

  • Taxas de juros futuras dispararam, especialmente os contratos de longo prazo;

  • O dólar subiu com força, atingindo R$ 5,57;

  • O Ibovespa recua dia após dia, com destaque para as de exportadoras e do setor industrial.

A LCA Consultores apontou que a resposta do mercado foi rápida, embora possa ser revertida se a Justiça americana barrar as medidas de Trump. Contudo, o receio de que o governo brasileiro reaja de forma dura também trouxe incerteza adicional.


Setores mais impactados: exportadoras e indústria

A exportação brasileira para os EUA representa cerca de 12% da balança comercial nacional, mas em alguns setores esse percentual ultrapassa 50%, como:

  • Aeronaves (como Embraer)

  • Equipamentos industriais

  • Máquinas para infraestrutura

Já commodities como carne bovina, petróleo e celulose podem ser redirecionadas a outros mercados. Ainda assim, analistas alertam que a “realocação não é imediata”, o que pressiona margens no curto prazo.


Lula ganha apoio com o confronto, mas mercado reage mal

Curiosamente, a reação política doméstica foi diferente da do mercado. A pesquisa Genial/Quaest revelou que a aprovação de Lula subiu de 40% para 43% após o embate com Trump. A desaprovação caiu de 57% para 53%.

Especialistas avaliam que o episódio fortaleceu a imagem do presidente junto a eleitores fora da base petista. No entanto, o mercado financeiro continua desconfiado. “A forma como Lula lida com o setor econômico segue preocupando”, afirma Felipe Alvarenga, da One Investimentos.


E agora? Ibovespa recua, mas tendência pode ser revertida

Apesar da sequência negativa, analistas veem espaço para recuperação:

  • A aponta que o Ibovespa pode fechar o ano em 147 mil pontos;

  • O Bank of America mantém projeção otimista com 83% dos gestores acreditando que o índice voltará acima dos 140 mil pontos.

Mas o alerta fica: a maioria dessas previsões foi feita antes do tarifaço.

A Potenza Capital afirma que, por ora, o governo deve evitar retaliações, mas a depender do desenrolar das investigações comerciais que Trump iniciou contra o Brasil, o clima pode piorar.


Investidores atentos ao cenário político e eleições de 2026

Outro ponto que influencia o humor do mercado é o início do ciclo eleitoral de 2026. A expectativa de mudanças no Congresso e no Planalto gera volatilidade.

Segundo pesquisa da XP, o segundo semestre será marcado por alocações mais defensivas e foco em ações menos expostas à exportação. Setores como varejo, bancos e infraestrutura ganham destaque entre os gestores institucionais.


Ainda vale investir na Bolsa?

Mesmo com o cenário conturbado, analistas como Rafael Figueiredo, da Eleven Financial, recomendam cautela, mas não pânico.

“O Ibovespa recua, sim, mas há fundamentos que sustentam a bolsa no médio prazo. As empresas continuam entregando resultados sólidos, e o prêmio de risco ainda favorece o mercado brasileiro”, conclui.

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