O Balanço do Banco do Brasil (BBAS3) referente ao segundo trimestre de 2025 pode apresentar resultados abaixo das expectativas de mercado. Segundo relatório do JPMorgan, divulgado nesta quarta-feira (16), o desempenho do banco pode ser impactado negativamente por deterioração nas condições de crédito do setor agropecuário e um provável aumento nas provisões para perdas com empréstimos.
A expectativa de lucro líquido caiu para R$ 4,9 bilhões, representando queda de 19% em relação à projeção anterior e 15% abaixo do consenso de mercado.
Agronegócio em crise afeta resultados do Banco do Brasil
O setor do agronegócio é hoje o principal foco de preocupação. A instituição americana projeta que a formação de novos créditos problemáticos (NPLs) pode dobrar na comparação com o trimestre anterior. Essa piora está diretamente ligada ao desempenho mais fraco do Banco do Brasil no segmento rural, o que agrava o risco de deterioração de ativos.
A estimativa do JPMorgan aponta que as provisões para o agronegócio devem saltar de R$ 5 bilhões no 1T25 para cerca de R$ 6 bilhões no 2T25.
Provisões totais podem alcançar R$ 12 bilhões
O banco também alerta que os níveis de provisões relacionadas a pessoas físicas e empresas devem se manter estáveis, mas em patamares elevados, perto de R$ 6 bilhões. Somando todas as frentes, o total de provisões brutas pode atingir R$ 12 bilhões no trimestre.
Esse movimento deve impactar diretamente a lucratividade da instituição. A estimativa de lucro para o 3T25 também foi reduzida para R$ 6 bilhões, uma queda de 10% sobre as previsões anteriores.
Lucro projetado para 2025 é reduzido em 8%
Diante das novas projeções, o JPMorgan estima agora que o Banco do Brasil feche 2025 com lucro líquido de R$ 25 bilhões, o que representa uma redução de 8% frente à expectativa anterior e 9% abaixo do consenso atual. O banco estatal é negociado atualmente a 4,7 vezes o lucro estimado para 2025 e 3,9 vezes o de 2026.
Estratégias para mitigar impactos
Apesar do cenário adverso, o relatório aponta que o Banco do Brasil possui mecanismos para mitigar os impactos, como redução no ritmo de crescimento da carteira de crédito e possível ajuste na política de dividendos.
Ainda assim, os analistas alertam que o mercado pode precisar revisar novamente suas projeções, caso os números de inadimplência continuem subindo.
Ações BBAS3 recuam no pregão
Na sessão desta quarta-feira, as ações BBAS3 recuaram 3,16%, cotadas a R$ 20,24, com volume negociado superior a R$ 399 milhões. A reação negativa reflete a cautela dos investidores com os dados projetados pelo banco americano.
Expectativas para o segundo semestre
A próxima divulgação do Banco Central, com dados de crédito de maio, será fundamental para validar ou reavaliar o cenário traçado pelo JPMorgan. Até lá, o balanço do Banco do Brasil no 2T25 será um divisor de águas para o mercado financeiro e para a própria estratégia da instituição frente ao agronegócio.