O mercado de trabalho dos Estados Unidos deu sinais de força em junho, com a criação de 147 mil vagas de emprego, segundo dados do payroll divulgados nesta quarta-feira (3) pelo Departamento do Trabalho. O número superou com folga a expectativa de 110 mil postos projetados por analistas e também ultrapassou o dado revisado de maio, que passou de 140 mil para 144 mil novas vagas.
Taxa de desemprego e participação
A taxa de desemprego nos EUA caiu para 4,1%, contrariando a estimativa de 4,3% e refletindo um mercado de trabalho mais aquecido do que o esperado. O número total de desempregados ficou em 7 milhões. A taxa de participação da força de trabalho foi de 62,3%, enquanto a relação emprego-população atingiu 59,7%.
Ganhos salariais mantêm ritmo
Os salários também registraram crescimento. O rendimento médio por hora dos trabalhadores americanos subiu 0,2% em relação a maio, chegando a US$ 36,30. No acumulado de 12 meses, a alta foi de 3,7%, mostrando que, apesar da desaceleração inflacionária, os salários continuam avançando em ritmo sólido.
Divergência com relatório ADP
O resultado do payroll contrasta com o relatório ADP divulgado anteriormente, que indicava o fechamento de 33 mil vagas no setor privado. O dado ADP havia sido revisado para baixo em maio, apontando um crescimento de 29 mil postos. A discrepância reforça a importância do payroll como indicador mais abrangente do mercado de trabalho dos EUA.
Impacto nos juros
A aceleração do mercado de trabalho norte-americano adiciona incerteza ao cenário de política monetária do Federal Reserve. Embora a inflação esteja sob controle, os dados de emprego robustos dificultam uma decisão imediata de corte nos juros.
O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou nesta semana que o banco central não tem pressa em iniciar um ciclo de afrouxamento e que a autoridade monetária prefere aguardar mais informações antes de tomar qualquer decisão. Ele destacou que as novas tarifas comerciais implementadas recentemente pelos EUA também influenciaram a demora nas reduções.
Perspectivas
Com o payroll de junho acima do esperado, economistas agora recalibram suas expectativas quanto ao primeiro corte de juros. Antes previsto para setembro, o afrouxamento monetário pode ser adiado para o fim do ano, dependendo dos próximos indicadores de inflação e atividade.
O mercado segue atento aos próximos dados econômicos que serão divulgados nas próximas semanas, como o CPI (índice de preços ao consumidor) e as vendas no varejo. Esses indicadores ajudarão a compor um cenário mais claro sobre a sustentabilidade da atual dinamica econômica dos EUA.