As ações da Braskem (BRKM5) figuraram entre as maiores baixas do Ibovespa nesta quarta-feira (11), impactadas por uma nova rodada de incertezas em torno do futuro da companhia. Os papéis recuaram 2,88%, sendo negociados a R$ 10,45 por volta das 16h05, acumulando queda de 5,1% em junho e de 9,8% no ano.
Enquanto o Ibovespa subia 0,56% no mesmo horário, o desempenho negativo da Braskem chamou a atenção dos investidores e reforçou a preocupação com a governança da empresa.
Interferência da Petrobras aumenta receios do mercado
Na noite de terça-feira (10), a presidente da Petrobras (PETR4), Magda Chambriard, afirmou durante um evento no Rio de Janeiro que a estatal pretende ampliar sua influência na gestão da Braskem. A fala trouxe de volta o receio de que a companhia possa ser excessivamente controlada por interesses estatais, prejudicando sua governança e autonomia empresarial.
Atualmente, a Petrobras detém 36,1% do capital total da Braskem, incluindo 47% das ações ordinárias — aquelas com direito a voto.
“A Braskem é a sexta maior petroquímica do mundo. Quando falamos em uso do petróleo e eficiência da cadeia petroquímica, não dá para desprezar a importância da Braskem”, declarou Chambriard no evento promovido pela Firjan.
Apesar de garantir que a iniciativa não visa estatizar a empresa, os investidores reagiram mal à possibilidade de maior ingerência do governo na gestão da companhia.
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Tanure também entra em cena
Além das falas de Chambriard, os comentários do empresário Nelson Tanure também contribuíram para pressionar as ações da Braskem. Em entrevista à Reuters, Tanure revelou estar em negociações com bancos para viabilizar sua oferta pela petroquímica, com o objetivo de concluir o acordo ainda este ano.
Ele também destacou que deseja ampliar o papel da Petrobras dentro da estrutura da empresa, o que fortalece a percepção de maior influência estatal sobre a Braskem.
“Eu não faria um acordo se [a Novonor] não permanecesse envolvida”, afirmou Tanure, referindo-se à controladora da Braskem, que atualmente possui 38,3% do capital total e 50,1% das ações com direito a voto. Na nova proposta, essa fatia cairia para 3,5%, o que implicaria uma significativa mudança no controle acionário.
Incertezas sobre o futuro
A potencial reconfiguração do controle acionário, combinada com as declarações públicas de figuras influentes, intensifica a volatilidade das ações da Braskem. Investidores seguem atentos às movimentações tanto da Petrobras quanto de Tanure e da Novonor, em busca de clareza sobre os próximos passos na reestruturação da companhia.
Apesar de ser uma empresa estratégica para o setor petroquímico e de energia, a Braskem tem enfrentado nos últimos anos uma série de dificuldades — incluindo problemas ambientais, desafios financeiros e instabilidade acionária — que dificultam uma valorização sustentável dos papéis no mercado.
O que esperar para as ações da Braskem?
Diante desse cenário, analistas destacam que as ações da Braskem podem seguir pressionadas no curto prazo, especialmente enquanto não houver definição clara sobre o futuro do controle da empresa e sua estratégia de longo prazo.
O investidor que acompanha o setor deve manter cautela, considerando que, embora a Braskem apresente potencial de valorização diante de um cenário mais estável, os riscos políticos e de governança seguem no radar.
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