O Google enfrenta processo no Reino Unido que pode resultar em um pagamento de até £5 bilhões (US$ 6,6 bilhões) em indenizações. A ação coletiva, apresentada ao Tribunal de Apelação da Concorrência britânico, acusa a empresa de ter abusado de sua posição dominante no mercado de buscas online para cobrar preços mais altos por anúncios e restringir a concorrência.
A denúncia foi formalizada na terça-feira (15) e tem como base práticas que teriam distorcido o mercado de publicidade digital ao longo dos anos, beneficiando a empresa em detrimento de concorrentes e anunciantes.
O que está por trás do processo contra o Google?
O processo coletivo foi movido pela professora de direito da concorrência Or Brook, em nome de milhares de empresas britânicas que anunciam seus produtos e serviços online. Segundo ela, o Google adotou uma estratégia sistêmica para manter o controle quase absoluto sobre o mercado de buscas, especialmente em dispositivos móveis.
De acordo com a ação, o Google firmou acordos bilionários com fabricantes de smartphones para pré-instalar o Google Search e o navegador Chrome em dispositivos Android. Além disso, a gigante teria pago à Apple para tornar seu motor de busca o padrão em iPhones.
📘 Baixe o Guia do IR 2025 e declare seus investimentos sem erro!
Essas ações, segundo os autores da ação, criaram barreiras artificiais à entrada de concorrentes, forçando os anunciantes a recorrerem exclusivamente ao Google para garantir visibilidade online.
“O Google enfrenta processo porque seus métodos colocam em desvantagem todo o ecossistema digital. Isso prejudica a inovação e força milhares de empresas a pagarem mais por publicidade”, disse Brook em nota.
O que diz o Google sobre o processo?
Em resposta às acusações, um porta-voz do Google classificou o processo como “especulativo e oportunista”. A empresa afirmou que seus produtos são usados porque são úteis, e não por falta de opções no mercado.
“Consumidores e anunciantes escolhem o Google porque ele oferece valor real. Vamos nos defender vigorosamente dessas acusações infundadas”, declarou a empresa.
O argumento central do Google é que seu domínio no setor decorre da preferência espontânea dos usuários, e não de práticas anticompetitivas.
Implicações globais para o Google
Este novo episódio não é isolado. O Google enfrenta processos similares em diferentes partes do mundo. Nos Estados Unidos, a empresa já responde a ações antitruste federais e estaduais. Na União Europeia, já foi multada diversas vezes por supostas práticas anticoncorrenciais, somando mais de €8 bilhões em penalidades nos últimos anos.
As autoridades reguladoras do Reino Unido também estão mais atentas desde a criação da Digital Markets Unit, uma divisão focada em grandes plataformas digitais. O processo atual pode reforçar a atuação do órgão e servir de precedente para futuras ações.
Impacto nos mercados
A notícia de que o Google enfrenta processo bilionário repercutiu de forma negativa nos mercados. As ações da Alphabet (GOOGL) fecharam o dia em queda de 1,94% na Nasdaq, refletindo o aumento da percepção de risco regulatório em relação às big techs.
Investidores temem que, além de potenciais multas, o Google seja forçado a rever parte de sua estrutura comercial, abrindo espaço para novos concorrentes e impactando sua lucratividade com anúncios, que representa mais de 80% da receita total da empresa.
🚀 Veja agora as criptos com mais potencial em abril!
Publicidade digital na mira
O cerne da discussão gira em torno do domínio do Google no mercado de publicidade em buscas. Segundo os autores do processo, a empresa manipula os algoritmos e estrutura de busca para favorecer seus próprios serviços e cobrar mais dos anunciantes.
Para os demandantes, garantir um lugar na primeira página do Google é vital para qualquer negócio, o que dá à empresa um poder desproporcional no ecossistema digital.
“O Google vem aproveitando seu domínio para cobrar mais e limitar alternativas. Isso distorce o mercado e prejudica a livre concorrência”, afirma Or Brook.
O que pode acontecer a seguir?
Caso a ação prospere, o Google poderá ser condenado a pagar até £5 bilhões em compensações, o que representaria uma das maiores penalidades civis já impostas no Reino Unido a uma empresa de tecnologia.
Além disso, a empresa poderá ser obrigada a alterar práticas comerciais, como a forma de exibição de anúncios, a precificação e os acordos com fabricantes de dispositivos móveis.
O julgamento deve se estender ao longo dos próximos meses, e especialistas acreditam que o desfecho pode influenciar não apenas o Reino Unido, mas também o ambiente regulatório global para gigantes digitais.