O mercado financeiro reagiu de forma extremamente negativa aos resultados do quarto trimestre de 2024 da Natura&Co (NTCO3). As ações da empresa registraram uma queda superior a 25%, chegando a R$ 9,66, o menor nível desde janeiro de 2023. Caso a baixa se confirme até o fechamento do pregão, será a maior queda percentual em um único dia na história da companhia.
O principal fator por trás da forte desvalorização das ações foi o aumento expressivo das despesas, que impactou severamente a rentabilidade da empresa. Embora a receita líquida tenha vindo dentro das expectativas, os custos operacionais cresceram de forma mais acelerada do que o esperado. O Ebitda ajustado da Natura ficou até 35% abaixo das previsões do mercado, frustrando analistas e investidores.
Enquanto isso, o Ibovespa operava em alta de 1,52% no mesmo horário, evidenciando que a queda da Natura foi motivada exclusivamente pelos seus resultados financeiros e não pelo desempenho do mercado como um todo.
Por que a Natura despenca após o 4T24?
O balanço do 4T24 revelou diversos pontos que explicam o motivo pelo qual a Natura despenca no pregão desta sexta-feira.
Aumento de despesas operacionais
Mesmo considerando os ajustes contábeis, o crescimento das despesas operacionais da Natura foi um fator determinante para o fraco desempenho da empresa. Entre os principais impactos, destacam-se:
- Investimentos elevados em tecnologia e sistemas, que anteriormente foram capitalizados e agora foram lançados como despesas operacionais.
- Impacto da integração da Avon International, que elevou os custos administrativos e operacionais.
- Despesas com royalties e promoções, que reduziram a margem bruta para 63,2%, abaixo das expectativas do mercado.
O JPMorgan destacou que, apesar da melhoria na receita, o resultado operacional ruim limita a visibilidade sobre a geração de fluxo de caixa da companhia. O banco manteve a recomendação de compra para as ações da Natura, com um preço-alvo de R$ 21, mas alertou para os riscos de curto prazo.
Lucro abaixo do esperado
O lucro por ação ajustado da Natura foi de R$ 0,17, revertendo o prejuízo de R$ -0,37 registrado no ano anterior. No entanto, esse valor ficou abaixo do consenso do mercado de R$ 0,24, o que contribuiu para a frustração dos investidores.
Os impactos positivos vieram dos ganhos fiscais e das operações de hedge nas despesas financeiras, mas foram insuficientes para compensar o aumento dos custos operacionais.
Dívida líquida e estrutura de capital
A Natura encerrou o 4T24 com uma dívida líquida de R$ 3 bilhões, o que representa uma alavancagem de 2 vezes o Ebitda ajustado. Quando excluído o financiamento de fornecedores, essa relação cai para 1,5x, dentro do limite estabelecido pela administração da empresa.
O Bradesco BBI destacou que, mesmo com a redução da dívida líquida em relação ao trimestre anterior (quando era de R$ 3,7 bilhões), o fraco desempenho operacional piorou a percepção sobre a capacidade da empresa de sustentar distribuições de dividendos no curto prazo.
Análise dos bancos sobre a Natura
Diante da reação negativa do mercado, bancos e corretoras já ajustaram suas projeções para a empresa.
JPMorgan
O JPMorgan acredita que os resultados abaixo do esperado vão pesar nas ações no curto prazo. No entanto, manteve sua recomendação positiva, destacando que as ações negociam a 12x o lucro de 2025 e 11x o lucro de 2026, o que pode indicar um potencial de valorização caso a empresa consiga melhorar sua margem operacional.
Bradesco BBI
O Bradesco BBI já previa uma reação negativa à divulgação do balanço, uma vez que os investidores estavam focados nos KPIs operacionais da América Latina, que decepcionaram tanto na margem bruta quanto na margem Ebitda.
O banco também destacou que os resultados foram impactados por ajustes não recorrentes, como o Chapter 11 da Avon nos EUA e os investimentos na “Onda 2” de integração das operações.
Perspectivas para a Natura após o tombo histórico
Diante da forte desvalorização das ações, o mercado agora busca entender se a Natura conseguirá recuperar sua lucratividade em 2025.
Os principais desafios da companhia para os próximos trimestres incluem:
- Recuperação das margens – A empresa precisa equilibrar suas despesas e reduzir os impactos de promoções e royalties sobre a margem bruta.
- Continuidade da integração da Avon – O processo de fusão ainda está em andamento e pode gerar mais custos nos próximos trimestres.
- Melhora na geração de caixa – O mercado quer mais clareza sobre o fluxo de caixa operacional da empresa, que registrou consumo de R$ 41 milhões no 4T24.
O cenário para a Natura despenca no curto prazo, mas ainda há investidores que enxergam um potencial de recuperação caso a empresa consiga reverter os problemas operacionais.
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Natura despenca, mas há potencial de recuperação?
A Natura despenca mais de 25% após a divulgação do balanço do 4T24, registrando a maior queda percentual da história da empresa. O aumento das despesas operacionais, a margem bruta abaixo das expectativas e a falta de clareza sobre o fluxo de caixa foram os principais fatores que frustraram os investidores.
O JPMorgan e o Bradesco BBI mantêm uma visão cautelosamente otimista, mas alertam para riscos no curto prazo. A companhia precisará demonstrar uma recuperação operacional consistente para reconquistar a confiança do mercado e recuperar o valor de suas ações.
Os próximos trimestres serão decisivos para definir se a Natura conseguirá reverter essa trajetória negativa ou se continuará enfrentando desafios em sua reestruturação.