O agronegócio brasileiro, um dos principais motores da economia nacional, apresenta sinais de recuperação após um desempenho fraco em 2024, quando o setor registrou uma retração de 3%. As projeções indicam que o PIB do agro deve voltar a crescer em 2025, com variação de aumento entre 3% e 5,5%. Embora esse crescimento esteja bem abaixo dos expressivos 16% de expansão visível em 2023, ele representa uma retomada promissora para um setor que sofreu com desafios climáticos e econômicos nos últimos meses.
De acordo com as principais consultorias e instituições financeiras, as estimativas variam conforme os cenários projetados. A MacroSector Consultores prevê um crescimento de 3%, enquanto a MB Agro estima 3,6%. O Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV Ibre) e a LCA Consultores apontam uma alta entre 4% e 4,5%. Já os bancos Santander e Bradesco estão entre os mais otimistas, com projeções de 4,8% e 5,5%, respectivamente. Essa recuperação está atrelada ao aumento na produtividade de algumas culturas, à recuperação de áreas afetadas por intempéries em 2024 e a um contexto econômico mais favorável.
Safra de milho de 1ª: Plantio avançado, mas colheita ainda é tímida
O planejamento do milho de primeira safra atingiu 84% do total da área projetada para o Brasil, mantendo-se dentro da janela ideal em boa parte das regiões. No entanto, no Rio Grande do Sul, o estado responsável pela maior produção da cultura, o percentual atinge 94%, com algumas áreas ainda aguardando melhores condições de umidade no solo. Algumas regiões tradicionalmente reservadas para cultivos tardios registraram atrasos devido ao déficit hídrico em novembro, que afetou a fecundação e a formação dos grãos. Apesar das adversidades, o desempenho geral do plantio tem superado as expectativas iniciais.
A colheita do milho da primeira safra já começou em algumas regiões, com o Rio Grande do Sul sendo um dos primeiros estados a iniciar o processo, atingindo 4% da área prevista. Esse número é inferior aos 16% registrados no mesmo período do ano passado, mas segue em linha com as safras de 2021/2022 e 2022/2023. A produção média registrada até o momento é de 7.800 kg/ha, superando a média estadual estimada em 7.116 kg/ha, segundo a Emater/RS. No entanto, uma colheita antecipada em algumas regiões foi impulsionada por altas temperaturas, ventos fortes e baixa umidade, que aceleraram a perda de água nas plantas.
Safra de soja: Colheita inicial sinaliza desafios e retomada
O plantio de soja, uma das principais culturas do agronegócio brasileiro, está praticamente concluído, com 99% da área total prevista já semeada em nível nacional. No entanto, o Rio Grande do Sul apresenta um atraso, com 97% da área plantada, enquanto em outras regiões do país o índice já chega a 100%. O atraso no estado gaúcho está relacionado à baixa umidade no solo e à espera pela colheita de áreas destinadas a outros cultivos.
A colheita da soja já foi iniciada em alguns estados, como Mato Grosso e Bahia. Em Mato Grosso, maior produtor nacional, o processo atingiu 0,45% da área estimada, de acordo com dados da Conab. Na Bahia, a colheita chegou a 1% da área total, enquanto, no Brasil como um todo, o índice está em 0,2%, abaixo dos 0,6% registrados no mesmo período da safra anterior. A expectativa é que o ritmo da colheita se intensifique a partir da segunda quinzena de janeiro, quando a produção atingir o pico em grande parte das regiões produtoras.
Perspectivas para o PIB do agro e do impacto econômico
O desempenho do agronegócio em 2025 não apenas contribui para a geração de riquezas no setor, mas também exerce um papel crucial na balança comercial e no PIB geral do Brasil. A recuperação do PIB do agro deve voltar a crescer graças ao aumento das exportações de grãos, à modernização das práticas agrícolas e ao uso de tecnologias de monitoramento climático. Além disso, o setor de insumos, como fertilizantes e defensivos agrícolas, pode se beneficiar do aumento na produção e na demanda interna.
Embora as contribuições sejam positivas, alguns desafios ainda podem impactar o desempenho do setor, como mudanças climáticas imprevisíveis e o cenário internacional, especialmente em relação às exportações. A estabilização dos preços das commodities e as políticas de incentivo ao crédito agrícola também serão fatores determinantes para consolidar o crescimento projetado.
A expectativa de que o PIB do agro volte a crescer em 2025 é um alento para a economia brasileira, que depende fortemente do desempenho do setor agropecuário para manter seu equilíbrio. Com projeções que variam entre 3% e 5,5%, a retomada sinaliza um cenário mais favorável após um período de retração. O avanço nas colheitas de milho e soja, mesmo com alguns atrasos pontuais, reforça o otimismo em relação à recuperação do setor. Se as condições climáticas e o mercado permanecerem resultados, o agronegócio pode, mais uma vez, consolidar-se como um pilar essencial para o crescimento econômico do país.