Os Correios têm prejuízo recorde acumulado de R$ 2 bilhões no período de janeiro a setembro de 2024, configurando o maior rombo da história da estatal. Este valor supera déficits históricos, como o de 2015, que foi de R$ 2,1 bilhões. Diante disso, a estatal decretou um teto de gastos de R$ 21,96 bilhões e adotou medidas emergenciais para evitar a insolvência.
Atualmente, os Correios têm 84,7 mil funcionários, um número consideravelmente menor em comparação aos 115,5 mil de 2016. Apesar das dificuldades financeiras, a empresa ainda realizou um concurso público para contratar novos colaboradores, com salários entre R$ 2.429,26 e R$ 6.872,48.
Correios têm prejuízo recorde: Entenda os motivos
Os Correios têm prejuízo recorde, e essa crise financeira é resultado de diversos fatores. Em primeiro lugar, a gestão atual menciona uma herança contábil negativa da administração anterior, mesmo que a estatal tenha registrado lucros em três dos quatro anos do governo Bolsonaro.
Além disso, a desistência de recorrer em ações trabalhistas significativas impactou fortemente os resultados. Um exemplo foi o pagamento de R$ 600 milhões em 2023, que contribuiu para o déficit. Outra ação trabalhista, avaliada em R$ 400 milhões, também foi paga sem contestação, aumentando o rombo financeiro.
Os Correios também assumiram uma dívida de R$ 7,6 bilhões com o Postalis, fundo de pensão dos empregados. Esse valor cobre metade do déficit previdenciário do fundo, que deixou de aceitar novos participantes desde 2008. Essas decisões resultaram em um impacto significativo nas contas da estatal.
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Medidas para conter o prejuízo recorde
Diante do prejuízo recorde, os Correios adotaram medidas emergenciais para tentar conter a crise. Entre as ações anunciadas, destacam-se:
- Suspensão de contratações de terceirizados por 120 dias: Reduzindo custos com mão de obra extra.
- Renegociação de contratos: A estatal busca reduzir, no mínimo, 10% dos valores de acordos vigentes.
- Encerramento de contratos: Apenas contratos que gerem economia comprovada serão prorrogados.
Apesar dessas medidas, as projeções indicam que o déficit de 2024 pode ultrapassar R$ 1,7 bilhão, mesmo que o teto de gastos seja cumprido integralmente.
Confidencialidade e justificativas internas
Um documento interno revelou que os Correios declararam sigilo sobre a situação financeira, citando a necessidade de evitar o agravamento da crise e proteger a reputação da empresa. O texto destaca que as medidas visam “evitar que a empresa entre em estado de insolvência”, reforçando a gravidade da situação.
A estatal também revisou a receita projetada para 2024, reduzindo-a de R$ 22,7 bilhões para R$ 20,1 bilhões, representando uma queda significativa de 1,8% em relação ao ano anterior.
Impactos no serviço e receita reduzida
Além do impacto financeiro, fatores externos contribuíram para a redução das receitas dos Correios. A chamada “taxa das blusinhas”, defendida pelo ministro Fernando Haddad, resultou em uma queda nas importações internacionais, reduzindo o volume de encomendas despachadas para o Brasil e prejudicando ainda mais o orçamento da estatal.
Mesmo assim, os Correios mantiveram a realização do concurso público e informaram que não houve cancelamento de contratos ou demissões até o momento. Porém, o cenário atual levanta dúvidas sobre a sustentabilidade das operações da empresa.
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Anos de lucros e a reversão do cenário
Entre 2016 e 2022, os Correios apresentaram resultados financeiros sólidos, incluindo o maior lucro de sua história, de R$ 3,7 bilhões em 2021, durante o governo Bolsonaro. No entanto, a situação começou a mudar em 2023, com uma manobra contábil da atual gestão que lançou retroativamente R$ 1 bilhão em prejuízo no balanço de 2022, transformando um lucro de R$ 200 milhões em um rombo de R$ 800 milhões.
Essa reclassificação contábil impactou diretamente os números de 2023 e 2024, tornando o desafio de recuperação ainda mais complexo.
Futuro incerto dos Correios diante da crise
Especialistas apontam que, para superar o prejuízo recorde, os Correios precisarão de uma reformulação estrutural e maior apoio governamental. A modernização dos serviços, aliada à diversificação de receitas, é vista como uma possível solução. No entanto, isso exige investimentos e mudanças profundas, algo que pode demorar a acontecer.
Enquanto isso, a estatal continua enfrentando dificuldades para equilibrar suas contas. Com a receita em queda e a necessidade de manter a qualidade do serviço, os desafios financeiros dos Correios podem continuar a crescer nos próximos anos.
O fato de que os Correios têm prejuízo recorde em 2024, acumulando R$ 2 bilhões em perdas, representa um marco negativo na história da estatal. Apesar das medidas emergenciais, como o teto de gastos e renegociação de contratos, a crise reflete problemas estruturais e decisões administrativas que agravaram o cenário.
Para garantir a sustentabilidade da empresa, serão necessárias mudanças profundas e investimentos estratégicos, além de um comprometimento governamental para apoiar a recuperação financeira da estatal.
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