Queimadas em SP
A safra de cana-de-açúcar no centro-sul do Brasil para o ciclo 2024/25 foi revisada para baixo, totalizando agora 593 milhões de toneladas. A consultoria Datagro reduziu sua previsão em 9 milhões de toneladas em relação à estimativa anterior, citando os efeitos combinados da seca prolongada e das queimadas que atingiram grandes áreas produtoras, especialmente no Estado de São Paulo. Segundo a Datagro, a situação é crítica, e o cenário pode piorar, já que muitos incêndios, possivelmente de origem criminosa, vêm se somando aos desafios climáticos enfrentados pelos produtores.
Os impactos das queimadas são mais graves devido à necessidade de colher a cana queimada em até 48 horas para evitar perda de qualidade. Isso aumenta a pressão sobre as usinas e encarece o processo produtivo, uma vez que o tempo para reação é curto e há dificuldades logísticas em processar o volume de cana afetada. Além disso, a seca já havia deixado os canaviais fragilizados, o que só agrava a situação. Especialistas temem que a situação possa afetar negativamente o resultado final da safra, que já mostra uma redução significativa nas expectativas de produtividade.
Produção de Açúcar Sofre Forte Queda
A produção de açúcar para a safra 2024/25 também foi revisada para baixo pela Datagro, que agora estima uma produção de 39,3 milhões de toneladas. Isso representa uma queda de 9,4% em comparação aos níveis recordes alcançados na safra anterior. A consultoria explica que a combinação de seca e incêndios tornou impossível manter o ritmo produtivo elevado dos últimos anos. Para efeito de comparação, na safra passada, a produção de açúcar no centro-sul do Brasil chegou a 43,4 milhões de toneladas.
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Esse recuo significativo na produção de açúcar pode impactar os preços no mercado global, uma vez que o Brasil é o maior exportador da commodity. A menor oferta, combinada com a demanda global em alta, pode levar a uma elevação nos preços, o que traria efeitos positivos para os exportadores, mas aumentaria os custos para os mercados consumidores, especialmente no setor alimentício. No entanto, esse cenário ainda depende de como a produção se comportará até o final da safra e se haverá novas perdas provocadas por questões climáticas ou outros imprevistos.
Etanol Também Sofre Impactos da Seca e Queimadas
A produção de etanol do centro-sul do Brasil também foi impactada, com a Datagro prevendo uma queda de 0,44 bilhão de litros, resultando em uma produção total de 32,52 bilhões de litros na safra 2024/25. Essa redução representa uma queda anual de 3,2%, reflexo direto das dificuldades enfrentadas pelas usinas em processar a cana danificada pelos incêndios e pela estiagem prolongada. Com a menor oferta de etanol no mercado, espera-se que o preço do combustível suba, especialmente em regiões onde o etanol de cana é amplamente utilizado como alternativa à gasolina.
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No entanto, nem todos os números relacionados ao etanol são negativos. A produção de etanol de milho, por exemplo, foi revisada positivamente pela consultoria, subindo de 7,7 bilhões para 8,0 bilhões de litros. Isso representa 24,6% da oferta total de etanol na região do centro-sul, em comparação com 18,7% na safra anterior. O aumento na produção de etanol de milho ajuda a compensar, em parte, a queda na produção de etanol de cana, mas não é suficiente para evitar a pressão nos preços do combustível.
Diversificação na Produção de Etanol Ganha Relevância
Com o aumento da produção de etanol de milho, que agora corresponde a quase um quarto da oferta total de etanol no centro-sul do Brasil, o setor passa a apostar mais fortemente na diversificação. A expansão da produção de etanol de milho não só ajuda a compensar as perdas causadas pela queda na produção de cana, como também representa uma alternativa de menor custo para o setor. O milho, que tem apresentado preços mais estáveis no mercado interno, surge como uma commodity estratégica para o setor de biocombustíveis.
Além disso, o aumento na produção de etanol de milho mostra a capacidade de adaptação do setor sucroenergético brasileiro diante de condições adversas. O cenário de seca e queimadas tem forçado as usinas a repensarem suas estratégias e buscarem alternativas para manter a produção e a rentabilidade em alta. O setor já vinha se preparando para essa diversificação nos últimos anos, mas os impactos climáticos aceleraram o processo e tornaram o etanol de milho ainda mais importante no cenário atual.
Monitoramento Contínuo e Perspectivas para 2025
A Datagro informou que continuará monitorando de perto os impactos dos incêndios e as condições climáticas no decorrer da safra 2024/25. Novos refinamentos nas estimativas poderão ser realizados ao longo dos próximos meses, conforme surgirem mais informações sobre os danos causados aos canaviais. As perspectivas para a safra 2025/26 também já estão sendo ajustadas, uma vez que o estado atual dos canaviais pode influenciar negativamente a próxima colheita, caso as condições climáticas não melhorem significativamente nos próximos meses.
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A consultoria ressaltou que, além das questões climáticas, outros fatores, como o cenário econômico global e as políticas de descarbonização, também podem impactar o setor sucroenergético nos próximos anos. O Brasil continua sendo o maior produtor mundial de açúcar e etanol, mas precisará lidar com esses desafios para manter sua competitividade no mercado internacional. O acompanhamento das condições dos canaviais será fundamental para prever os resultados futuros e tomar decisões estratégicas que minimizem os impactos das adversidades climáticas.