O bilionário mexicano Ricardo Salinas, fundador e presidente do conglomerado Grupo Salinas, alcançou 70% de exposição ao Bitcoin em seu portfólio de investimentos, conforme revelado em entrevista à Bloomberg, na segunda-feira, 4 de março de 2025.
Salinas, que começou a investir em Bitcoin há 12 anos, quando a criptomoeda valia apenas US$ 200, aumentou sua alocação de 10% em 2020 para 60% em 2022 e agora para 70%, consolidando sua aposta no ativo digital.
Com uma fortuna estimada em US$ 4,6 bilhões, Salinas afirmou estar “praticamente all in” no Bitcoin, que hoje é cotado a US$ 89.444. O restante de sua carteira, cerca de 30%, está investido em ouro e mineradoras de ouro, sem qualquer exposição a ações ou títulos de renda fixa, exceto participações em sua empresa, Grupo Elektra SAB de CV, avaliada em 75,15 bilhões de pesos mexicanos (US$ 3,64 bilhões), segundo dados do Google Finance.
Exposição ao Bitcoin: Uma Estratégia de Longo Prazo
Ricardo Salinas destacou sua confiança no Bitcoin ao chamá-lo de “o ativo mais duro do mundo” durante a entrevista à Bloomberg. Ele enfatizou a oferta fixa do Bitcoin, limitada a 21 milhões de unidades, como um diferencial em relação ao ouro, que sofre inflação de cerca de 3% ao ano devido à produção adicional de minas.
“O Bitcoin não tem isso”, afirmou Salinas.
O bilionário recomendou aos investidores a estratégia de dollar cost averaging, que consiste em comprar pequenas quantidades de Bitcoin ao longo do tempo.
“Compre tudo o que puder. O Bitcoin não tem para onde ir, a não ser para cima. Ele é o ativo mais sólido do mundo”, declarou. Ele ainda aconselhou: “Nunca venda”.
De 10% a 70%: A Jornada de Salinas
A exposição ao Bitcoin de Salinas começou a crescer em 2020, quando ele revelou que 10% de seu portfólio líquido estava investido na criptomoeda. Em abril de 2022, durante a Conferência Bitcoin 2022, ele anunciou ao Cointelegraph que sua alocação havia subido para 60%.
Na época, Salinas disse que foi “laranja-pilled” – termo usado para descrever quem se torna entusiasta do Bitcoin – por Barry Silbert, ex-CEO da Grayscale, entre 2012 e 2013.
Salinas também compartilhou sua visão em um post no X, traduzido pelo Cointelegraph:
“Saudações, sobrinhos, meu amigo @saylor envia seus melhores votos a todos vocês antes da conferência #Bitcoin em Miami”.
O bilionário tem defendido o Bitcoin publicamente, destacando sua resiliência e valor como reserva de valor em um mundo de incertezas econômicas.
Planos e Desafios no Setor Financeiro
Além de aumentar sua exposição ao Bitcoin, Salinas tem ambições maiores para o ativo no setor financeiro mexicano. Desde 2021, ele tenta transformar o Banco Azteca, uma subsidiária do Grupo Salinas, no primeiro banco mexicano a aceitar Bitcoin.
No entanto, enfrenta barreiras regulatórias que dificultam a implementação desse plano, conforme apurou o Cointelegraph.
Recentemente, Salinas anunciou que planeja separar o Grupo Elektra – empresa de serviços financeiros e varejo – do Grupo Salinas, para ter maior liberdade na gestão do negócio. Essa mudança estratégica pode abrir caminho para avanços na integração do Bitcoin em suas operações, embora os desafios regulatórios permaneçam.
Contexto Global e Reação do Mercado
A declaração de Salinas sobre sua exposição ao Bitcoin vem em um momento em que o mercado de criptomoedas enfrenta volatilidade. O Bitcoin, cotado a US$ 89.444, tem atraído investidores institucionais, mas também enfrenta críticas como um ativo especulativo.
Um artigo relacionado do Cointelegraph aponta que o Bitcoin perdeu o status de “porto seguro” para alguns analistas, com o ouro ganhando preferência após quedas recentes no preço da criptomoeda.
No Brasil, o mercado financeiro também está atento a movimentos políticos. A nomeação de Gleisi Hoffmann por Lula para a Secretaria de Relações Institucionais gerou uma queda de 1,01% no Ibovespa, conforme noticiado pelo Money Times.
Enquanto isso, a visão de Salinas sobre o Bitcoin pode inspirar investidores locais a reconsiderar suas estratégias de alocação de ativos em um cenário econômico global incerto.