O primeiro trimestre de 2024 foi marcado por desafios significativos no setor de saúde, incluindo tendências de receita em desaceleração, maiores glosas (receitas negadas pelas operadoras), pressões de margem, deterioração no ciclo de caixa e balanços mais alavancados. Em contraste, os consolidadores HAPV (Hapvida) e RDOR (Rede D’Or) apresentaram recuperações sólidas de lucratividade, forte geração de fluxo de caixa e números operacionais positivos, diminuindo o risco de suas teses de crescimento de receita e recuperação de margem.
O EBITDA ajustado consolidado do setor cresceu 19% a/a, com a margem subindo 170bps. O lucro líquido consolidado foi de R$ 1,79 bilhões, comparado a R$ 836 milhões no 1T23, impulsionado principalmente por RDOR e HAPV. Excluindo essas duas empresas, a margem EBITDA ajustada caiu 140bps a/a e o lucro líquido diminuiu 5% a/a.
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Operadoras de Saúde
As operadoras de saúde experimentaram uma melhora nas sinistralidades trimestre a trimestre (t/t), devido a tickets médios mais altos e iniciativas de controle de custos, superando a sazonalidade típica do primeiro trimestre. Por exemplo, a sinistralidade caixa do HAPV caiu 130bps t/t para 68%, e a da SULA (SulAmérica) caiu 260bps t/t para 82,5%. As bases de membros também apresentaram desempenho melhor do que o esperado: HAPV perdeu 11 mil vidas, contra uma estimativa de perda de 51 mil, e SULA adicionou 31 mil vidas, superando a expectativa de 27 mil. No entanto, o crescimento no segmento odontológico desacelerou.
Hospitais
Os hospitais enfrentaram desafios contínuos, com maiores glosas, margens menores e dinâmicas de capital de giro mais difíceis, apesar de melhores taxas de ocupação t/t. Os dias de recebíveis pioraram a/a para quase todas as empresas monitoradas. Este aumento nas glosas indica um ambiente operacional mais rigoroso, onde as operadoras de saúde estão negando um número maior de solicitações de pagamento, impactando diretamente a receita dos hospitais.
Oncologia e Laboratórios
O crescimento orgânico ano a ano (a/a) em oncologia desacelerou, com as seguintes taxas de crescimento observadas: KRSA (Kora Saúde) com 37%, ONCO (Oncoclínicas) com 16%, RDOR com 14% e DASA (Dasa) com 13%, impactado por maiores glosas. Os laboratórios apresentaram volumes fracos e crescimento moderado de ticket médio, desacelerando o crescimento da receita. Este cenário aponta para um ambiente de mercado mais competitivo e desafiador para os provedores de serviços oncológicos e laboratoriais.
Perspectivas para o Setor
O cenário para o setor de saúde em 2024 continua desafiador, com problemas persistentes no ciclo de caixa e dinâmicas de capital de giro. Espera-se uma melhoria gradual com um ciclo substancial de aumento de preços. Medidas de controle de custos devem eventualmente gerar resultados positivos, mas a recuperação completa do setor pode levar de 12 a 15 meses. HAPV e RDOR continuam sendo as empresas preferidas no setor, devido à sua capacidade de adaptação e resiliência demonstrada nos resultados do primeiro trimestre.
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Análise Detalhada de HAPV e RDOR
HAPV (Hapvida): Hapvida registrou uma queda na sinistralidade caixa de 130bps t/t, alcançando 68%. A empresa também teve um desempenho acima do esperado em sua base de membros, perdendo apenas 11 mil vidas em comparação à estimativa de perda de 51 mil. Esses resultados positivos refletem as eficazes iniciativas de controle de custos e a capacidade de manter tickets médios elevados.
RDOR (Rede D’Or): Rede D’Or, uma das maiores redes hospitalares do Brasil, apresentou um crescimento significativo no EBITDA ajustado e na margem operacional, contribuindo significativamente para o aumento do lucro líquido consolidado do setor. A empresa mostrou uma sólida geração de fluxo de caixa, o que ajudou a mitigar os riscos associados à desaceleração de receita e às pressões de margem.